Abstract
Na década de 20 do século passado, época do aparecimento de _Ser e tempo, _Heidegger posiciona-se veementemente contra o modelo _teórico-cognitivo _de sujeito-objeto, problematizando, assim, a hegemonia da teoria do conhecimento na filosofia.Contra este paradigma, o filósofo alemão traz à tona um modo original de abordar a lida mais primária do _Dasein_ no mundo, cuja primazia recai em um sentido _prático, _por assim dizer.Neste sentido, nosso objetivo reside em explicitar, a partir do pensamento heideggeriano, a relação mais primária que o _Dasein_ estabelece com o mundo, a saber: uma relação de familiaridade prático-originária.Para tanto, investiga-se o pensamento de Martin Heidegger em sua primeira fase, notadamente a sua obra-mestra: _Ser e tempo_, de 1927.Na obra, o filósofo alemão explicita que o mundo que preliminarmente se apresenta ao _Dasein_ e com o qual ele se relaciona não é de ordem teórica, no sentido de relação cognoscitiva, mas, isto sim: é o da práxis cotidiana, da postura prática, isto é, o mundo circundante, no qual o _Dasein_, enquanto ser-no-mundo de compreensão pré-teórica, dispensa a postura temática explícita como secundária – isto é, _derivada_, portanto, não fundamental da constituição humana.Neste sentido, nota-se que o ser-no-mundo, conforme indica _Ser e tempo_, consiste em um empenho prático, por isso mais originário, guiado por uma visão circundante que contempla a articulação de entes intramundanos os quais formam, no limite, um contexto no qual o mundo circundante se anuncia.