Abstract
Nietzsche and Heidegger pose important philosophical questions to science and its technological projects. The resultant contributes to what may be called a continental philosophy of science and the author argues that only such a rigorously critical approach to the question of science permits a genuinely philosophical reflection on science. More than a thoughtful reflection on science, however, the heart of philosophy is also at stake in such reflections. The author defends that if Nietzsche proposes the resources of art to defend us against truth and the deadly insights of tragic knowledge, then Nietzsche's more arresting claim is his equation of science and art, just as Heidegger aligns techne and poiesis. For Nietzsche, science and art draw upon the same creative powers and both science and art are directed to the purpose of life. /// O ponto de partida deste artigo é o reconhecimento de que Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger são dois filósofos que colocam questões profundamente relevantes acerca da Ciência e dos seus projectos tecnológicos. Neste sentido, o plano da autora consiste em demonstrar a viabilidade e a importância do modo não-analítico, ou continental, de fazer Filosofia da Ciência, argumentando que uma reflexão genuinamente filosófica acerca da Ciência não se pode dispensar de um confronto com o modo crítico de fazer filosofia representado tanto por Nietzsche como por Heidegger. Para a autora, os pensamentos críticos destes pensadores acerca da Ciência são bem mais do que uma mera reflexão filosófica acerca da Ciência; na verdade, o que aqui está em causa é propriamente saber de que se trata quando a questão é a da própria Filosofia. Assim, e na medida em que Nietzsche propõe os recursos da arte para nos defender contra as invectivas da verdade e as intuições fatais do conhecimento trágico, a autora do artigo defende que o mais interessante na posição nietzscheana tem a ver com o seu modo de equacionar a relação entre Ciência e Arte, tal como Heidegger acabará por alinhar techne e poiesis. O fundo da questão está em que para Nietzsche tanto a Ciência como a Arte recorrem aos mesmos poderes criativos, para além de que a Ciência e a Arte estão orientadas para a defesa do mesmo propósito: a Vida.