Abstract
O tema deste artigo é o imperativo existencial de Kierkegaard, o existente pessoal que se impõe ao existente social. Este tema é transversal na obra deste autor e é pertinente, pois é sempre necessário e profícuo refletir sobre a condição humana e os estádios da existência atemporais que se tem de seguir. Qual é o cabimento dos três estádios da existência de Kierkegaard para a condição do indivíduo enquanto simples existente pessoal? A resposta a esta pergunta é o objetivo deste artigo. O objetivo é compreender a posição de Kierkegaard sobre a importância da assunção de uma existência pessoal, numa perspetiva atemporal. Este artigo é uma abordagem eminentemente teórica e concetual. A estratégia adotada incide na bibliografia de e sobre Kierkegaard e centra-se numa dimensão religiosa, o que justifica a sua preocupação com o indivíduo e, em particular, com o seu problema mais importante: a sua salvação. O resultado deste artigo é a demonstração da inevitabilidade da imitação de um modelo de existência, uma forma de reencontrar a unidade e a esperança de salvação, conduzindo à unidade interior e à verdadeira unidade antropológica, apenas possível com a fé. Conclui-se, com este artigo, que todos os seres humanos seguem um percurso escolhido e relativo de vida que os define e determina o que podem usufruir de uma existência inalienável e irrepetível.