Abstract
A Geografia se institucionalizou na segunda metade do século XIX, na Alemanha e na França, como uma ciência empírico-analítica. Entre 1950 e 1970 se constituiu como uma ciência histórico-hermeneútica e, em seguida, como uma ciência crítica. No Brasil, o saber geográfico atravessou diferentes períodos históricos marcados pela ultradireita. Diante disso, procura-se interrogar em que medida, com o retorno ao ultraconservadorismo pós-Golpe de Estado de 2015 no Brasil, o interesse emacipatório que orienta as ações na área da Geografia acadêmica e escolar sofre um desinteresse político em detrimento do interesse técnico e atrelado aos seus saberes? Neste contexto, objetiva-se analisar a relação entre interesse e conhecimento da ciência geográfica em períodos de conservadorismo e antidemocracia.Trata-se de pesquisa bibliográfica, considerando-se a periodização das escolas de pensamento geográfico positivista, funcionalista e crítico-marxista. Foca-se nas aproximações entre o papel da Geografia escolar e o desenvolvimento do campo acadêmico da Geografia. Como resultados, verifica-se quanto às duas primeiras escolas de pensamento uma apropriação política do saber espacial mediante interesses técnico para a construção da identidade nacional, da ideologia patriótica e do desenvolvimentismo, no contexto de governos de ultra-direita ditatoriais. Conclui-se, porém, que com o governo de extremadireita eleito democraticamente mediante em 2018, verifica-se um desinteresse pelo conhecimento geográfico academico, isto é do territorio nacional, e um deficit na perspectiva crítica do ensino nas escolas pela via indultora da BNCC.