Abstract

Por ocasião do cinquentenário da morte de Freud, ocorrida em 1989, multiplicaram-se as homenagens e as publicaçães que acentuaram não só os aspectos clínicos da sua obra científica, mas também o valor e a significação cultural da Psicanálise. O mesmo haveria de ocorrer uma década mais tarde por ocasião do centenário da publicação de A Interpretação dos Sonhos, obra inaugural da técnica psicanalítica e uma das principais marcas na história da psicologia contemporânea. Com opresente artigo, o autor pretende demonstrar até que ponto a Psicanálise é ainda hoje uma teoria e uma prática tão viva como conflitiva, mostrando, além disso, até que ponto ela assumiu, tal como Freud previra, um carácter de autêntica revolução científica e epistemológica, similar à copernicana ou a darwiniana nos seus respectivos momentos historicos. Neste sentido, para la de analisar diversas posturas culturais em relação à Psicanálise, as quais nos interrogam acerca da sua presumível universalidade, o artigo mostra também até que ponto a descoberta do Inconsciente constitui profundo abalo no estatuto do sujeito humano. /// At the time the fiftieth anniversary of Freud's death occurred, which happened in 1989, many celebrations and publications took place, many of which highlighting not only the clinical aspects of Freud's work, but also the cultural value and meaning of Psychoanalysis. Something similar occurred ten years later on the occasion of the centenary of the publication of the The Interpretation of Dreams, work of fundamental importance for the understanding of the psychoanalytic method and one of the main moments in the history of modern psychology With the present article, the author aims at demonstrating to what extent Psychoanalysis is still a theory and a practice as lively as it is conflictive, showing, among other things how it came to assume, as Freud himself had predicted, a character of an authentic scientific and epistemological revolution, in many ways similar to the Copernican and Darwinian revolutions in their respective historical moments. In this way, besides analysing different cultural attitudes toward Psychoanalysis, which put into question its presumed universality, the article also shows how the discovery of the Unconscious constitutes a deep shuddering in the statute of the human subject.