A Questão Do Livre Arbítrio E A Crítica De Nietzsche Ao Estado Moderno
Ethic@ 11 (1-2):199-219 (
2004)
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Abstract
Neste texto examina-se o entrelaçamento, que percebe-se em Nietzsche, entre ascríticas à moral e à política a partir da questão do livre-arbítrio. Uma severacontestação de Nietzsche à sua época deve-se ao fato de diagnosticar nela ideaiscristãos responsáveis pelo deplorável caráter da civilização moderna. A seus olhos,a moral cristã moldou um tipo humano fragilizado, dotado de livre-arbítrio eeternamente culpado e, ele percebe, a política democrática moderna dependentedesse “homem de rebanho”. Assim, Nietzsche em suas obras mais tardias continuaa expor a vulnerabilidade que identifica no Estado moderno, como já fazia desdeseus primeiros escritos juvenis. Ao contar a sua versão da história sobre a formaçãodo homem responsável, Nietzsche acredita estar deflagrando o processo necessáriopara que um Estado anti-absolutista, com discurso anti-autoritário, pudesse contarcom um determinado caráter humano. Esta é a condição para esta instituição conseguircumprir sua promessa: a manutenção da paz, a promoção do bem estar, tudo,denuncia Nietzsche, em nome do acúmulo de riquezas – a única missão que eleidentifica no Estado moderno