Abstract
Este estudo investiga as dimensões da crise econômica, política e cultural que culminaram na ascensão da extrema direita reacionária e na implementação de uma agenda ultraliberal regressiva no Brasil (2014-2022), alicerçada no ajuste fiscal permanente, nas contrarreformas, na superexploração do trabalho e no contracionismo em relação aos gastos sociais com políticas públicas. Para tanto, avaliou-se a crise estrutural do capitalismo contemporâneo, de 2007/2008, e suas repercussões de longo prazo no Brasil, ressaltando a conjuntura na qual emergiu o recente projeto de aprofundamento da estratégia neoliberal, que ampliou a disputa pelo fundo público e, como será demonstrado, o desfinanciamento da política de Educação Superior e de Ciência & Tecnologia no país. Este estudo apresenta resultados parciais de tese de doutorado, submetida ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFC. O levantamento de dados ocorreu em parceria com o Centro de Estudos do Trabalho e Ontologia do Ser Social da UECE. A metodologia consistiu em uma revisão de literatura, acompanhada de levantamento de dados em fontes primárias e secundárias. Em síntese, foi possível identificar três fases do ultraliberalismo no Brasil: no final do primeiro mandato de Dilma Rousseff (esquerda), na gestão de Michel Temer (direita) e no governo de Jair Bolsonaro (extrema direita reacionária). Resguardadas todas as suas particularidades, o ultraliberalismo pôs em prática uma agenda draconiana de espoliação das rendas do trabalho e de rebaixamento das condições de vida da população.