Abstract
The article explores Søren Kierkegaard's interpretation of Abraham's paradoxical obedience (Genesis 22). It does so on the basis of five scenic narrations told by Kierkegaard in Fear and Trembling, and in his late Journals. Jacques Derrida is found to focus on similar points in his Gift of Death: especially on the suspension of ethics by religion and on the concepts of offering as well as of responsibility. Derrida claims that human responsibility is always tied to what he calls universal offering to a radical other. The article argues that both the late Kierkegaard and Derrida exaggerate the inexplicability of the religious situation, each of them in his own way, and that the distinction between religion, ethics, and human responsibility is to be maintained (against Derrida), together with awe before the incommensurability of the single individual. /// O presente artigo investiga a interpretação kierkegaardiana acerca da paradoxal obediência de Abraão descrita no capítulo 22 do Livro do Génesis. Para a elaboração do respectivo argumento, o artigo baseia-se em cinco elementos narrativos incluídos na obra Temor e Tremor, bem como nos Diários, de Søren Kierkegaard Salienta-se também o facto de Jacques Derrida, na sua obra Donner la mort, insistir nos mesmos pontos atinentes a Kierkegaard, nomeadamente os relativos à suspensão da ética pela religião, bem como nos conceitos de doação e de responsabilidade. Derrida, com efeito, defende que a responsabilidade humana está sempre ligada àquilo que ele considera ser uma doação universal a um outro radical. O artigo considera que tanto o último Kierkegaard como Derrida exageram no que se refere à inexplicabilidade da situação religiosa, cada um deles num modo que lhe é próprio, e afirma que a distinção entre religião, ética e responsabilidade humana deve ser preservada, ao contrário do que diz Derrida, juntamente com a admiração devida diante da incomensurabilidade do indivíduo em sua singularidade.