Abstract
Este artigo compara e contrasta dois conceitos filosóficos provenientes de distintas linhagens de pensamento: de um lado, o _clinamen _de Lucrécio; do outro, o _conatus _de Espinosa. O que fomentou minha pesquisa foi uma conjugação dessas noções tal como proposto por Deleuze no apêndice de seu _Logique du sens_. Nesse sentido, a primeira seção está orientada tendo em vista uma elucidação da filosofia de Lucrécio — consequentemente, também a de Epicuro — e, especificamente, uma interpretação do desvio dos átomos ou _clinamen_ em combinação com o tópico da liberdade. A segunda seção se dedica a clarificar a metafísica de Espinosa e a acomodação do tema da liberdade dentro de seu robusto enquadramento necessitário, entrelaçado com o motivo do _conatus _ou esforço de auto-preservação. Contra a leiture de Deleuze, entretanto, argumentarei que _clinamen _e _conatus _pertencem à sistemas metafísicos que são praticamente incompatíveis e que corroboram um entendimento diferente sobre liberdade e necessidade.