Abstract
Neste artigo, a partir de mapeamento sobre a produção acadêmica acerca da juventude estudantil brasileira na contemporaneidade publicada em periódicos nacionais, buscamos compreender o processo de constituição da juventude estudantil por meio do discurso acadêmico. Em tal discurso, majoritariamente referente a estudantes de escolas públicas, analisamos os temas e as problematizações enunciados sobre a juventude estudantil, entendendo, a partir do pensamento de Michel Foucault, que a prática discursiva constitui o objeto sobre o qual fala. Os temas enunciados e problematizados pelo discurso acadêmico na constituição da juventude estudantil como condição e lugar de sujeito, são: Juventude, escola e escolarização; Juventude, educação e mídias; Juventude, educação e trabalho; Juventude e educação não-formal; Juventude, educação e violência; Educação e jovens em conflito com a lei; Juventude, educação e sexualidade e Educação e protagonismo juvenil. Tais temas, no processo de constituição referido são postos no discurso acadêmico em situação de complementaridade e interdependência. Segundo os discursos analisados, a juventude estudantil é constituída a partir de um lugar de sujeito inferiorizado na escola, e nesta, luta pela conquista de respeito e autonomia enquanto sujeito discente, pelo reconhecimento das suas necessidades e demandas específicas no que se refere à aprendizagem escolar, bem como pela valorização da cultura juvenil e da sua condição de jovem nessa instituição. Para a maioria dos jovens estudantes, a escola se configura como lugar de tensão e conflitos. Assim, a constituição da juventude estudantil é pautada por tensão e conflitos, principalmente quanto à disciplinarização imposta pela escola e a autonomia desejada pelos jovens estudantes.