Abstract
No contexto da natureza, a pessoa aparece como uma novidade que combina tanto a abertura para o que é diferente de si mesma, a tal ponto que, para compreendê-la, é preciso levar em conta a maneira como os laços interpessoais influenciam a configuração de sua existência, quanto a individualidade absoluta, de modo que ninguém pode ser substituído por outro. Este artigo analisa alguns domínios antropológicos para mostrar que, no ser humano, essa dialética de opostos aparentemente irreconciliáveis é essencial. Para essa análise, elaborarei uma interpretação à luz das propostas de Edith Stein, Dan Zahavi e Francisco Leocata. A tradição husserliana pode ser entendida de modo a favorecer uma explicação tanto do indivíduo quanto da abertura aos outros, sem que a pessoa seja fagocitada pela totalidade e sem que o comunitário seja relegado a um mero acessório da constituição humana. Assim, em primeiro lugar, analisarei como a vida comunitária impacta a abertura do ser humano a tudo o que existe e, em segundo lugar, desenvolverei como essa abertura reivindica como seu fundamento um modo de ser que não pode ser dissolvido na totalidade, mas é constituído como uma individualidade forte ou o máximo possível da natureza.