Abstract
A “prova” do pragmatismo e, em geral, a ideia que a relevância da máxima pragmatista tinha que ser “provada”, é uma questão controversa. Devemos ter cautela antes de considerá-la. Christopher Hookway dedicou um livro a essa mesmíssima questão e os argumentos, frequentemente, envolvem a consideração de ínfimos detalhes dos escritos tardios de Peirce, bem além do âmbito deste trabalho. Contentar-me-ei aqui com um enigma, lógica e cronologicamente precedente: acadêmicos assumem, há muito tempo, que Peirce aplicou, em um novo contexto lógico e metafísico, a doutrina de Bain de que uma crença era uma “prontidão para agir” e que essa aplicação forneceu o cerne do primeiro pragmatismo de Peirce. Penso que mesmo nos primeiros textos, isto não é bem assim e, contrariamente ao que é frequentemente considerado, disposições à ação não desempenham um papel tão óbvio nas Ilustrações da Lógica da Ciência. Em suma, não está claro se os exemplos de Peirce foram, na época, exemplos pragmáticos. A primeira seção deste trabalho apresenta um roteiro preliminar para aferir as diversas dimensões do pragmatismo de Peirce na década de 1870; a segunda aborda o suposto papel do disposicionalismo em Como Tornar Nossas Ideias Claras ; a terceira apresenta algums elementos contextuais que podem explicar o “surto” de disposicionalismo em 1878.