Abstract
Mandeville suscitou certo interesse na França do Iluminismo, como pode ser visto nas resenhas de suas obras em periódicos, bem como nas inúmeras discussões que ensejaram entre grandes autores. Sua recepção é mista: se ele pode aparecer aos filósofos como um aliado na luta contra a ortodoxia religiosa por meio de sua crítica ao clero e sua apologia do luxo, estes últimos contestam várias de suas afirmações principais, que decorrem da hipótese egoísta: sua avaliação negativa do amor-próprio e do interesse, sua recusa em reconhecer uma benevolência e uma sociabilidade naturais, e a dissociação que o paradoxo “vícios privados, benefícios públicos” faz entre a moralidade de um ato e o reconhecimento de sua utilidade social. Assim, Mandeville se viu acusado de abalar os fundamentos da moral tanto pelos guardiões da ortodoxia quanto por certos filósofos.