Abstract
O livro III da _Ética _de Espinosa se dedica a definição dos afetos. Dentro dessa definição o outro desempenha um papel importantíssimo, mesmo se, inicialmente, ele parece estar ausente. Espinosa começará sua definição falando de afetos direcionados a coisas e não necessariamente a outros sujeitos afetivos. Todavia, isso não significa que o outro não seja importante para a teoria de Espinosa, pelo contrário, a partir da proposição 21 desse livro ele faz sua aparição, trazendo novos elementos à teoria dos afetos e, principalmente, apontando para uma via de mão dupla, mostrando-nos que, se por um lado, as relações interpessoais podem ser de amor, por outro, o ódio estará presente, ou seja, essa relação pode se revelar tanto harmoniosa quanto conflitante. É justamente esse o caminho que gostaríamos de iluminar neste artigo, explicitando assim como a entrada do outro na teoria dos afetos de Espinosa lhe confere novas nuances, novos caminhos, novas possibilidades.