Abstract
RESUMO: A presente investigação questiona a essência teo-lógica dos futuros contingentes. Para o efeito, analisa-se, primeiramente, a argumentação segundo a qual, sob certas condições lógicas, teológicas, ontológicas e cosmológicas antinecessitantes, detetadas por G. W. Leibniz, a abertura contingente do futuro parece ser compatível com o regime das "verdades contingentes pré-determinadas", regime enquadrado teologicamente pelo princípio do "futuro melhor" ou do "único futuro verdadeiro". No entanto, os futuros contingentes incitam, com e contra Aristóteles, ao desenvolvimento de uma lógica temporal e plurivalente, ao modo de J. Łukasiewicz ou A. Prior. Essa lógica garante a abertura do futuro sem o oneroso custo metafísico da adesão a uma teo-lógica omnideterminante. A crítica do determinismo lógico, daí resultante, afigura-se mais coadunável com as condições pós-metafísicas inerentes à episteme agnósticacontemporânea, mas, nesse caso, a abertura do futuro implicaria uma profunda redefinição das próprias ideias e funções de "Deus", "matéria", "história" e "verdade". ABSTRACT: This paper investigates the theological essence of contingent futures. First, it analyses the argument according to which, under certain logical, theological, ontological, and cosmological conditions detected by Leibniz, the contingent openness of the future may be compatible with the regime of "pre- determined contingent truths", theologically grounded in the principle of an "optimal future" or a "single true future". However, the examination of contingent futures has also fostered, both for and against Aristotle's position, the development of a many-valued and temporal logic as proposed by J. Łukasiewicz or A. Prior. This logic safeguards the openness of future without the metaphysically expensive cost of adhering to an all-determining theo-logic. It hence follows that the critique of logical determinism seems to be more appropriate to express the post-metaphysical conditions of our present agnostic mentality. In this case, however, the openness of the future would entail a profound redefinition of the very ideas and functions of "God", "matter", "history", and "truth".