Abstract
Os movimentos feministas negros impelem à busca de mudanças e de liberação e de superação do sexismo, racismo e classismo presentes em distintos campos da sociedade, inclusive no campo filosófico. Nesses termos, olhares críticos são lançados à filosofia e questionamentos surgem: A filosofia tal como apreendida em sua história reserva algum lugar para o não-homem, para o não-branco? A filosofia reserva algum lugar para as mulheres negras? Quando direcionamos o nosso olhar para a filosofia e para o feminismos negros brasileiros, qual é a situação? A partir dessas e de outras questões, chegamos a uma das principais filósofas e feministas negras brasileiras: Lélia Gonzalez. Seu trabalho possui profunda riqueza filosófica e conceitual e desenvolve uma análise refinada do cânone ao propor a subversão deste, com a criação de novos conceitos e linguagens que expressam experiências diversas às impostas pela filosofia tradicional. Ainda que seja filósofa de formação, Lélia é lida muito mais a partir de suas outras formações nas áreas de Antropologia, Geografia, História e Sociologia, por exemplo, do que como filósofa. Nesse contexto, o presente artigo tem, por um lado, o objetivo de situar Lélia Gonzalez como feminista negra brasileira e filósofa, apontando seus argumentos acerca dos lugares das mulheres negras brasileiras em movimentos feministas e negros e seus argumentos filosóficos contra a opressão cultural e linguística. Por outro lado, visa problematizar a invisibilidade e o silenciamento de Lélia Gonzalez no contexto filosófico.