O “Príncipe-Centauro” e o “Homem Autêntico”: Da ética consequencialista em Maquiavel à correlação entre a “ética das últimas finalidades” e a “ética da responsabilidade” em Weber

Seatle, Washington, USA/São Paulo, São Paulo, Brasil: Amazon Books & PZP - Politikón Zôon Publicações (2024)
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Abstract

Baseado na investigação envolvendo o Estado e a ação política entre o “Animal Político” de Aristóteles e o “Príncipe-Centauro” de Maquiavel, o Prof. Luiz Carlos Mariano Da Rosa mostra que, se o intelectualismo socrático-platônico reduz o bem moral às fronteiras de um dado de conhecimento em uma construção que torna o conhecimento do bem e da justiça a condição para a ação justa, a definição aristotélica do ser humano como um "Animal Político" por natureza acena com a condição de "ser cosmopolita" que o Logos [razão e palavra] impõe, convergindo para uma (auto)realização que guarda correspondência com a comunidade política, haja vista que a felicidade demanda o exercício do pensamento e do ser social. Dessa forma, emergindo como um habitus, a virtude implica uma disposição adquirida para o desenvolvimento de uma boa conduta, tendo em vista que o Soberano Bem não se mantém dissociado da efetivação da vida concreta, convergindo para a atualização das qualidades imanentes ao agir, ao sentir, ao pensar, que tende, em suma, a um fim superior, à perfeição. Tornando o mundo objeto de desejo e conquista, Maquiavel funda o realismo político, que encerra uma concepção imobilista da História e implica a elaboração de um conjunto de técnicas que emergem do conteúdo histórico-cultural como princípios de conquista, exercício e manutenção do poder. Guardando caráter pragmático, tal processo se sobrepõe a qualquer arcabouço de valores, práticas e condutas e demanda a superação de todo sistema ético existente a priori em relação ao comportamento político que, em face da natureza humana e das suas prerrogativas existenciais, depende unicamente dos recursos da sua constituição própria, a saber, a razão e a força, convergindo para um movimento de autorrealização que guarda raízes na imanência e que, por esse motivo, encerra o critério da utilidade para a avaliação da ação política. Se a lei assegura a vida social e guarda possibilidade de produzir a honestidade, o que permite um governo exercer o poder baseado em seu arcabouço é a sensatez, cuja qualidade ou atitude escapa aos seres humanos em sua maioria em um processo que demanda, então, o emprego do método dos animais, a saber, a força, no sentido de violência física, para além do método humano que, mantendo correspondência com a razão, consiste na violência simbólica representada pelo arcabouço de normas e regras que perfazem a estrutura jurídica do poder institucionalizado, o que implica a necessidade de que, para a sua subsistência no governo, o príncipe desenvolva em si ambas as naturezas em uma correlação que converge para uma espécie de “Príncipe-Centauro”. Dessa forma, sobrepondo-se à ética intelectualista, a pesquisa assinala que Maquiavel estabelece a correlação envolvendo virtus e fortuna no utilitarismo da moral imanente da política enquanto ciência empírica, fundamentando a moralidade na prática política em um movimento que converge para as fronteiras da ética consequencialista. Correlacionando poder, legitimidade e autoridade, Max Weber estabelece uma tipologia envolvendo os modos e as origens da legitimidade através de uma perspectiva que atribui relevância as relações de influência recíproca que abrange os tipos de obediência, as formas de organização e o sistema econômico, correspondendo a burocratização das organizações ao processo de racionalização da sociedade moderna, que demanda a instauração de um sistema de relações envolvendo funções em lugar de um arcabouço de relações individualizadas. Nesta perspectiva, estabelecendo a distinção entre a “ética das últimas finalidades”, que implica uma conduta baseada em uma moral incondicional, e a “ética da responsabilidade”, que submete à avaliação os meios dispostos e as suas possibilidades de aplicação, Weber sublinha a condição de suplementaridade envolvendo ambas em uma construção que, dessa forma, converge para o desenvolvimento do “Homem Autêntico”.

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