Abstract
Este artigo busca apresentar as fenomenologias de Husserl e de Heidegger não como dois caminhos isolados na construção do que ulteriormente representou a tradição fenomenológica, mas, ao contrário, identificando pontos de intersecção entre estes dois autores. Para isso recorre ao texto Mein Weg in die Phänomenologie, de Heidegger, publicado em 1963, no qual o já septuagenário filósofo recorre ao seu itinerário pessoal junto à fenomenologia e ao quanto a obra e, posteriormente, a figura de Husserl se mostrariam marcantes na elaboração de seu pensamento – desde suas iniciais intuições como estudante de teologia, passando pelos primeiros anos como professor universitário e culminando na publicação de Sein und Zeit. O reconhecimento deste itinerário exige, porquanto, que a obra de Heidegger seja enxergada em sua relação com a fenomenologia husserliana, donde não apenas recebera o método necessário para a instauração de uma ontologia fundamental, mas a radicalidade inerente à própria atividade filosofante, isto é, o direcionamento às coisas mesmas (Sache selbst) e, por ele, à essência do pensamento, à coisa do pensar (Sache des Denkens).