Cognitio 23 (1):e59912 (
2022)
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Abstract
Os primeiros seis parágrafos de O Desespero humano, de Kierkegaard, estão entre as passagens mais densas e difíceis de interpretar em toda sua obra. Nelas, ele expõe a natureza do eu em termos de relações e muitos têm interpretado isso como uma expressão da dialética de Hegel. Nesse artigo, leio aqueles parágrafos da lógica das relações de Peirce e mostro que Peirce nos permite entender Kierkegaard muito mais claramente do que Hegel. Além disso, apesar de tudo que Peirce e Hegel têm em comum, Peirce o critica severamente com respeito à realidade da Segundidade. Analisando essa crítica e também o que Peirce e Kierkegaard dizem sobre a importância da dúvida vis-à-vis consciência, eu mostro que uma leitura Peirciana de Kierkegaard é bem mais frutífera do que a estruturaHegeliana que Kierkegaard conhecia. No final, eu reflito sobre a possibilidade de falar sobre um Kierkegaard semiótico e um Peirce existencialista.