Abstract
O artigo está contextualizado no âmbito do debate da filosofia política acerca do cosmopolitismo, isto é, de uma orientação politico-filosófica que considera que teorias de justiça devem ir além das fronteiras nacionais em suas abordagens. Propostas normativas liberais (tais como as de Thomas Pogge e Charles Beitz) recolocaram como foco central da preocupação com a justiça a esfera global e ocuparam o protagonismo dos debates no âmbito da filosofia política no final da década de noventa. Já no campo crítico-discursivo, o ideal cosmopolita foi tematizado de forma menos sistemática, com exceções, como Seyla Benhabib e Jurgen Habermas. Mais recentemente Brian Milstein (2015), efetua o resgate do ideal cosmopolita e estabelece de que forma a teoria crítica com um ponto de vista cosmopolita é central para se pensar possibilidades emancipatórias. Neste texto irei apresentar as principais discussões e desafios que as teorias cosmopolitas enfrentaram e demonstrarei os elementos centrais da proposta de Milstein tendo como objetivo central sustentar que o projeto cosmopolita não deve ser descartado, ao contrário, trata-se de perspectiva urgente para pensarmos os principais desafios de justiça de nosso tempo.