Abstract
Tem-se a necessidade de conhecer, compreender e refletir sobre o que se denomina de epistemologias contemporâneas ou novas epistemologias. Nas ciências sociais essas epistemologias recentes ajudam a pensar e repensar as novas formas do fazer científico em ir além das epistemologias ditas clássicas que conhecemos, tais como o marxismo, historicismo, funcionalismo, hermenêutica e outras que já são consideradas hegemônicas e que partem do conhecimento europeu e norte americano. Contrariamente, as novas epistemologias são em sua maioria elaboradas fora desses núcleos de conhecimento, interrompendo assim a hegemonia de conhecimento, possibilitando pensar o hoje de outras formas. O germe de novas epistemologias no âmbito das ciências sociais gera a necessidade de entendimento do conteúdo que as formam. Dessa forma, a reflexão, ação complexa e necessária, deve ser feita para a compreensão dessa problemática. Além disso, permite mergulhar na busca do sentido que essas epistemologias possuem dentro do quadro das ciências sociais. Por isso, o objetivo deste trabalho é colocar em discussão e elucidar algumas das proposições epistemológicas de autoras e autores que não figuram no rol hegemônico do conhecimento produzido dentro das ciências sociais. Dito de outro modo, aqueles silenciados e apagados, mas que, recentemente, são buscados, tratados e entendidos. Pensar em novas epistemologias é pensar em estudos do outro. Mas que outros são esses? Quem são os sujeitos desse conhecimento? São outros no sentido de afastamento, de fuga da lógica estabelecida pelo conhecimento eurocêntrico. Raciocínios construídos por sujeitos distanciados geograficamente do local hegemônico de produção de conhecimento aceito como único e verdadeiro: Ocidente. Segundo argumenta Mignolo (2021, p. 25-26): "Como sabemos: o primeiro mundo tem conhecimento, o terceiro mundo têm cultura; os nativos americanos têm sabedoria, os anglo-americanos têm ciência", logo, nota-se a visão construída e que viaja por todos os cantos do globo. Assim, portanto, os fazedores dessas novas epistemologias são silenciados e apagados historicamente. Além disso, a partir da apresentação das características centrais dessas novas epistemologias e demonstração da contribuição que elas incrementam no universo das ciências sociais, este trabalho busca relacionar, também, as ideias produzidas por essas epistemologias contemporâneas com o contexto brasileiro, especialmente com contexto amazônico, sendo este ambiente de morada de inúmeros povos tradicionais, tais como: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, entre outros. Englobam-se, nesse sentido, dentro dos estudos culturais, pós-coloniais, pensamento decolonial, epistemologia feminista, pensamento afrodiaspórico, filosofia indígena e dentre outras novas maneiras. Temas esses tratados por autores e autoras que muitas das vezes nunca ouvimos falar dentro do campo acadêmico tradicional como Valentin Y. Mudimbe, Frantz Fanon, Stuart Hall, Ailton Krenak, Oyèrónké Oyewùmí e Henrique Cunha Jr. E é a partir disso que trataremos sobre alguns aspectos dessas epistemologias desses autores mencionados acima para compreender a importância e a necessidade de estudar essas epistemologias contemporâneas, além da contribuição que trazem para as ciências sociais.