Abstract
Neste artigo, nosso objetivo é mergulhar no caráter político da educação escolar a partir de uma discussão pedagógica-filosófica. Buscamos repensar as noções de política e skholé, nos distanciando das abordagens mais comuns da política em relação à educação escolar: não apenas evitando, por um lado, a redução da política a uma questão de dinâmicas de poder, uma arena para discutir e resolver problemas sociais ou uma questão de governamentalidade; mas também evitando a redução da escola a um instrumento a favor delas. Acreditamos que uma leitura meticulosa do trabalho político do filósofo francês Jacques Rancière oferece um caminho para articular as relações entre política e educação escolar sem cair nessas reduções. Sugerimos que, a partir dessa abordagem rancèriana, se torna possível explorar o aspecto transformador e emancipatório da educação escolar sem negar seu caráter político e sem reduzi-la a um mero instrumento de política governamental. Portanto, depois de revisar o que acreditamos serem algumas noções-chave do conceito de política de Rancière, propomos discutir o caráter político da educação escolar abordando dois aspectos pedagógicos cruciais: a formalização da skholé (ou seja, a maneira pela qual a skholé toma forma) e a formação escolar (o tipo de formação possibilitada pela educação escolar). Nosso objetivo é contribuir para os debates pedagógicos sobre a educação escolar, possibilitando um diálogo com uma leitura de Ranciére que vá além de O mestre ignorante.