Abstract
resumo Este artigo parte da constatação de que a análise jamesiana da consciência do tempo constituiu uma fonte comum fundamental das meditações husserlianas e wittgensteinianas relativas ao tempo, o specious present engendrando tanto o ursprüngliche Zeitfeld de Husserl quanto o fliehende Gegenwart do Wittgenstein de 1929. Em seguida, examino a possibilidade de apreender a articulação entre as concepções do tempo de Husserl e de Wittgenstein no nível de suas respectivas apropriações da análise de James. Respondendo de modo afirmativo, sustento de início que essas apropriações se cruzam na crítica do presentismo jamesiano e da idéia segundo a qual a lembrança é uma imagem-cópia presente. Sustento, em seguida, que o anti-psicologismo dá lugar, no entanto, a desenvolvimentos muito diferentes em Husserl e em Wittgenstein. Aquele, com efeito, visa purificar o "núcleo fenomenológico" contido na análise jamesiana de seus resíduos psicológicos para revelar o que ele nos ensina acerca dos modos de aparecer temporais essenciais. De modo inteiramente diferente, Wittgenstein irá pôr em questão a própria imagem do fluxo do presente de consciência, ao descrever a genealogia dessa imagem a partir de erros acerca da linguagem ordinária. O resultado desse artigo é duplo: de um lado, se a análise jamesiana é realmente uma fonte comum às reflexões husserliana e wittgensteiniana acerca do tempo, no final das contas ela dá lugar a apropriações quase opostas; de outro, o debate James-Husserl-Wittgenstein permite confrontar as abordagens psicológica, fenomenológica e gramatical do tempo, e, desse modo, em particular, especificar esta última. palavras-chave James – Husserl – Wittgenstein – tempo - fenomenologia