Abstract
O termo “visão de mundo” tem sua origem no interior da filosofia alemã, mais especificamente na Crítica da faculdade de julgar de Kant, sendo decisivo para a consolidação do “idealismo alemão”. Martin Heidegger faz uma apropriação desse termo. Tal apropriação, porém, acontece mediante a refundação do sentido próprio de “visão de mundo”. Disso decorre o seguinte: há, por um lado, uma continuidade terminológica – Heidegger ainda utiliza o termo “visão de mundo” –, o que não acontece no modo de proceder, ou seja, por outro lado, há uma mudança metodológica e esta é decisiva para a apropriação do termo, bem como para a sua fundamentação e significação. Esse movimento de apropriação pode ser visto a partir de três preleções: A ideia da filosofia e o problema da visão de mundo, Os problemas fundamentais da fenomenologia e Introdução à filosofia. O objetivo do presente artigo, então: investigar algumas indicações percebidas nos textos de Heidegger que conduzem esse movimento de apropriação, de modo a elucidar qual seja o caráter peculiar de sua apropriação. Realizando uma hermenêutica textual há de se perceber, por fim, que Heidegger retorna à tradição filosófica – à metafísica – com o propósito de dela se distanciar, mostrando que esse movimento de apropriação em relação ao termo “visão de mundo” permite também a colocação pela pergunta do sentido de ser.