Abstract
Costuma-se dividir a obra de Nietzsche em três fases: uma primeira que se define pela sua metafísica de artista, a segunda que sai em defesa da ciência e, por fim, a dita fase “positiva” da filosofia de Nietzsche. Ainda que o próprio filósofo tenha nos fornecido indícios para tal divisão, salta-nos aos olhos a evidente depreciação que ocorre por grande parte de comentadores a respeito da segunda fase do pensamento nietzschiano, porquanto ela ser encarada apenas como um entreato entre a primeira e a terceira fase. Entendemos que o pensamento presente no segundo Nietzsche é de extrema importância para que possamos entender os entraves de sua densa filosofia, pois é neste momento de seu pensamento que o filósofo constrói aquilo que denominou de filosofia histórica, algo que permaneceria até o fim de sua produção escrita. O objetivo deste trabalho é mostrar de que maneira a discussão acerca da história possibilitou que a filosofia de Nietzsche repensasse seus próprios parâmetros, dessa forma, focaremos na transição do primeiro para o segundo Nietzsche, a fim de mostrar de que modo a história serviu de fundamento para que a filosofia presente em Humano, demasiado humano passasse a repensar a noção de cultura e civilização dentro do pensamento de Nietzsche.