Abstract
O conceito de existencialismo acirra, na cena contemporânea, uma controvérsia sui generis ao demarcar uma linhagem cultural que planta suas raízes filosóficas no dito movimento fenomenológico-existencial, particularmente, na Alemanha e na França e que tem, na figura de Sartre, uma referência, sem dúvida, icônica. Talvez ninguém mais que Gabriel Marcel tenha, recorrentemente, se insurgido contra tal filiação conceitual, atribuída, ora por intelectuais marxistas e cristãos, ora, pela própria mídia sensacionalista; estereótipo que, num primeiro momento, seria, aliás, consentido pelo próprio Sartre, a despeito, sobretudo, da célebre conferência O Existencialismo é um Humanismo. Marcel, tão logo, toma partido nesse debate, vindo a configurar a sua obra filosófico-dramatúrgica como “existencial” e não, propriamente, “existencialista”. O artigo examina, precisamente, esse ponto de inflexão trazendo à tona alguns de seus desdobramentos mais decisivos.