Abstract
A escola é um lugar onde as crianças compartilham o espaço-tempo com seus pares, outros sujeitos que compõem seu cotidiano e, por vezes, pesquisadoras que vão a campo com suas inquietações. Para a produção deste artigo, foi utilizado como material-base o relatório de campo desenvolvido durante uma oficina realizada com crianças do 1º ano do ensino fundamental, matriculadas em uma escola municipal localizada na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. A partir das falas, não falas e outras formas de expressão protagonizadas por estudantes, professora e pesquisadoras, buscamos entender o lugar da palavra na elaboração de narrativas por e sobre as crianças no contexto escolar. Além dos/as autores/as do campo dos estudos da infância, apoiamo-nos em textos literários e poéticos, por fornecerem elementos que nos permitem situarmo-nos no mundo a partir de perspectivas diversas. Como exercício de reflexão sobre os movimentos e efeitos da palavra, traçamos três linhas de análise: a palavra que anseia brecha e escuta; as palavras impostas, mal endereçadas, limitantes; e, por último, as narrativas inventadas que viram de ponta-cabeça. Além de provocar educadores/as a olharem para suas práticas pedagógicas e mediações, desafiamo-nos a pensar se há espaço na escola para a expressão livre e criadora, formadora de leituras de si e da vida.