Abstract
O “programa fiduciário” de Polanyi desafia o ideal da racionalidade moderna de alcançar uma completa justificação de todas as crenças, submetendo-as a uma crítica prévia à sua aceitação. Este requisito é um dos malefícios que está na raiz de preconceitos filosóficos e científicos que Polanyi se propõe superar. Este artigo apresenta o confronto entre o “modelo linear” da justificação do conhecimento, a partir de um princípio absoluto, com a alternativa do “modelo circular” proposto por Polanyi. Não se trata de uma circularidade viciosa, mas do reconhecimento de que os fundamentos do conhecimento radicam no compromisso pessoal e na atitude fiduciária, alicerces inegáveis de qualquer forma de conhecer. A alternativa proposta por Polanyi, de longa tradição filosófica, é, nos nossos dias, uma fonte de inspiração também para a hermenêutica contemporânea, com as suas noções de compreensão e interpretação.