Abstract
Religious experience can acquire plausibility within a religious tradition not only because of its "immediate giveness" but also through its objective validity and relevance. In medieval theology the doctrine of spiritual senses (sensus spiritualesj was an important locus for discussing the veracity of religious experience. The following paper examines the discourse of mystic experience in Fourteenth Century England and its historical background on the basis of the doctrine of spiritual senses - with the voices of Bonaventure, Richard Rolle, Margery Kempe, Walter Hilton, Thomas Basset and the author of the Cloud of Unknowing. The theological position of the anonymous Cloud-author is of particular interest. This article suggests that the Cloud-author diagnoses a naive "mysticism experienced" as the underlying principle of some works of religious instruction. Hence the anonymous author antagonizes this experientialism with a critical epistemology, limiting the "sensational field" of mystic experience to a rather naked "cognitive nucleus". /// A experiência religiosa pode adquirir plausibilidade dentro de uma tradição religiosa não apenas por causa da sua facticidade imediata, mas também através da sua validade objectiva e relevância. Na teologia medieval, a doutrina dos sentidos espirituais (sensus spirituales) constituía um lugar importante para a discussão da veracidade da experiência religiosa. O presente artigo analisa o discurso acerca da experiência mística na Inglaterra do século XIV bem como o seu contexto histórico com base na doutrina dos sentidos espirituais, dando espaço às vozes de S. Boaventura, Richard Rolle, Margery Kempe, Walter Hilton, Thomas Basset e o autor da obra Cloud of Unknowing. Mostra-se por que razão a posição teológica do autor anónimo da Cloud of Unknowing é particularmente interessante. O artigo sugere que o autor desta importante obra diagnostica como naive o experiencialismo místico considerado como basilar a algumas obras de instrução religiosa. Daí que o autor anónimo antagonize este experiencialismo com base numa epistemologia crítica, limitando o "campo sensacional" da experiência mística a um simples "núcleo cognitivo".