Abstract
ResumoO texto aqui apresentado pretende dar uma pequena contribuição à discussão sobre a relação entre lógicae ontologia na filosofia kantiana. Seu objetivo é mostrar como Kant segue a lógica dos wolffianos, mantendosua abordagem geral, não sem introduzir algumas mudanças importantes. Ao contrário dos filósofosdogmáticos, Kant, como se sabe, enfatiza a neutralidade ontológica e epistemológica da lógica geral, diferenciando-a da lógica transcendental, que apresenta as condições universais necessárias apenas com basenas quais se pode falar de conhecimento objetivo. Leibniz, Wolff e seus seguidores teriam negligenciadoessa distinção e dado à lógica geral um significado ontológico e heurístico, que absolutamente não lhepertence. Este artigo examina até que ponto essa versão da lógica dogmática, tão bem construída por Kante geralmente aceita pelos estudiosos, é confiável; tenta também mostrar que Kant flerta aqui e ali comasserções ontológicas e, ao fazê-lo, sua lógica também funciona como uma heurística. Os juízos categóricoe hipotético, bem como seus respectivos silogismos, serão aqui examinados em sua relação recíproca comocasos emblemáticos desse uso menos neutro da lógica formal por Kant. Além disso, espera-se que esteexame revele alguns dos procedimentos metódicos seguidos pelo filósofo em sua investigação conceitual,modo de proceder que, embora respeitando estritamente as regras lógicas estabelecidas, introduz modulaçõesdentro dessas mesmas regras, para enfrentar os desafios do pensamento crítico.Palavras-chave: Kant, lógica, ontologiaAbstractThe text presented here intends to make a small contribution to the discussion on the relationship betweenlogic and ontology in Kantian philosophy. Its purpose is to show how Kant follows the logic of theWolffians, maintaining their general approach, not without introducing some important changes. Unlikedogmatic philosophers, Kant, as is well known, lays stress on the ontological and epistemological neutralityof general logic, differentiating it from transcendental logic, which presents the necessary universal conditionsonly on the basis of which one can speak of objective knowledge. Leibniz, Wolff and his followerswould have neglected this distinction and given general logic an ontological and heuristic meaning, whichabsolutely does not belong to it. This article examines to what extent this version of dogmatic logic, so wellconstructed by Kant and generally accepted by the scholars, is reliable; it also tries to show that Kant flirtshere and there with ontological assertions and, in doing so, his logic also functions as a heuristic. The categoricaland the hypothetical judgments, as well as their respective syllogisms, will be examined here in theirreciprocal relationship as emblematic cases of this less neutral use of formal logic by Kant. Furthermore, thisexamination will hopefully reveal some of the methodical procedures followed by the philosopher in hisconceptual investigation, a way of proceeding that, although strictly respecting the established logical rules,introduces modulations within these same rules, to face the challenges of the critical thought.