Abstract
A luta das famílias mais pobres pelo direito de ocupação dos centros urbanos tem marcado a formação das cidades brasileiras e dado origem a vários movimentos de moradia. Essa realidade, no entanto, tem pouca presença na imprensa. Quando coberta, segundo a percepção das lideranças desses movimentos, é carregada de narrativas que remetem à criminalização das famílias e de seus representantes. Desta forma, este artigo tem como objetivo analisar a representação social dos protagonistas dessa causa no contexto da tragédia do Paissandu, quando o incêndio de um edifício ocupado por 150 famílias de baixa renda explicitou as diversas faces do problema. Para isso, foram analisadas 110 reportagens e contempladas as impressões das lideranças dos movimentos de moradia, por meio dos recursos da observação participante e da entrevista em profundidade.