Abstract
A Doutrina Transcendental do Método distingue inicialmente o método da matemática por construção de conceitos, próprio da matemática, e a análise de conceitos, que caberia à filosofia. Significaria que Kant exclui de vez a síntese na filosofia, reservando a síntese ao método de construção de conceitos na matemática? Se for assim estaríamos diante de uma dicotomia quanto ao método crítico, não dogmático: ou construção de conceitos na matemática, ou análise de conceitos na filosofia. Schelling critica a proposta kantiana seguindo a linha interpretativa da dicotomia; para sanar o que considera o impasse kantiano, propõe, como alternativa, a construção de conceitos na própria filosofia, já que defende que o método da filosofia kantiana lidaria apenas com análises de conceitos sem relação com uma intuição, segundo sua interpretação. Queremos mostrar, no entanto, que não se trata de uma dicotomia, pois Kant propõe para a filosofia uma síntese transcendental por conceitos como chave do enigma para fazer da filosofia uma ciência rigorosa. Momento indispensável para entender essa síntese transcendental por conceitos é o conceito de _coisa em geral_, que deve fazer o papel da intuição sensível para haver uma síntese no uso discursivo da razão. Queremos mostrar que Kant não estava restrito a uma questão dicotômica (_síntese_-construção de conceitos X _análise_-desmembramento das notas de um conceito) no método de prova, mas tricotômica, cujo terceiro termo seria a _síntese transcendental por conceitos_, ignorada por Schelling.