Abstract
Defenderemos que Foucault e suas críticas à psicanálise servem aos estudos queer quando, diante da dimensão produtiva do poder, interrogam os saberes pertinentes aos corpos sujeitos e suas sexualidades. Foucault faz problematizar o que quer que apareça na forma da fixidez, da norma ou, ainda, como mais fundamental, originário e a priori ao sujeito em seus devires. Suas análises são base aos desenvolvimentos queer pois, assim como estes, apontam para Isso: essa “coisa estranha”, esse “não-lugar”, esse “estar-entre”, essa “diferença tática”, cuja característica é perturbar a estabilidade e a presunção de naturalidade das identidades hegemônicas. Se emaranhadas em noções foucaultianas, as questões queer suscitam um processo de autocrítica pelo qual dá-se a possibilidade de afirmarmos a instabilidade, a ambiguidade e a indeterminação de todas as identidades, de todas formas da sexualidade, dos prazeres, assim como todas modalidades de corpo-sujeitificação/generificação. Não por completo, mas muito à luz do que Foucault e suas leituras da psicanálise fazem pensar, veremos que as teorizações queer reivindicam a afirmação de um espaço sempre transitivo, marginal e subversivo, cuja meta não unívoca é não se presumir a priori como modelo universal e endossável na e pela norma.