Abstract
ResumoEste artigo aborda o nascimento do movimento de prostitutas no Brasil partindo de uma análise da Pastoral da Mulher Marginalizada, uma iniciativa da Igreja Católica que realizou um trabalho assistencialista e de conscientização política com mulheres prostitutas no Brasil a partir da década de 1970. Minha pesquisa examina as tensões entre as participantes e os agentes da Pastoral que deram origem a um movimento autônomo de profissionais do sexo em meados da década de 1980. Eu argumento que a Rede Brasileira de Prostitutas (RBP) foi influenciada não só pelo clima político da democratização, mas também pelo discurso de autoestima e do valor intrínseco do indivíduo pregado pela Pastoral. Finalmente, eu considero o Primeiro Encontro Nacional de Prostitutas, realizado em 1987, destacando como a RBP acabou rejeitando o tropo da prostituta-como-vítima e as crenças abolicionistas do ramo progressista da Igreja.Palavras-chave: Prostituição. Igreja Católica. Movimentos sociais. Abertura política. AbstractThis article examines the birth of the Brazilian sex-worker movement by foregrounding an analysis of the Pastoral da Mulher Marginalizada, a ministry of the Catholic Church that conducted outreach and political consciousness-raising among prostitutes in Brazil starting in the 1970s. My research explores the tensions between ministry participants and agents that eventually led to the founding of an autonomous movement of sex workers in the mid-1980s. I argue that the Rede Brasileira de Prostitutas (RBP) was influenced not only by the political climate of Brazil’s democratization process, but also by the discourse of self-esteem and the intrinsic value of the individual espoused by the Pastoral. Finally, I consider the Primeiro Encontro Nacional de Prostitutas, held in 1987, highlighting how the RBP came to the trope of the prostitute-as-victim and the abolitionist beliefs of the progressive branch of the Catholic Church.Keywords: Prostitution. Catholic Church. Social Movements. Political opening.