Abstract
The systematic relevance of the arguments Schopenhauer directs against Kant's categorical imperative has hardly been discussed in detail so far. As the difference between Kant's and Schopenhauer's moral philosophy amounts to the opposition between practical reason and sympathy, it is anything but surprising that it is reflected by Schopenhauer's objections. Schopenhauer tries to show that practical reason - be it in its pure or empirical form - is altogether incapable of furnishing a solid basis for ethics. To assess the import of this thesis, a detailed examination of the aspects of practical reason that provoke Schopenhauer's critique is necessary including: 1) the identification of morality and reason; 2) the moral value of maxims; 3) the categorical imperative; 4) the prescriptive character of Kant's approach; and 5) his ethico-theology. Although some of Schopenhauer's arguments are based on misunderstanding, his interpretation of the categorical imperative as an expression of rational egoism seems convincing. /// A relevância sistemática dos argumentos que Schopenhauer dirige contra a doutrina kantiana do Imperativo Categórico quase não tern sido objecto de discussão. O autor do presente artigo considera que tal como a diferença entre a filosofia moral de Kant e de Schopenhauer se reduz à oposição entre razão e simpatia, não é motivo de surpresa verificar que ela está reflectida nas objecções de Schopenhauer. Este, com efeito, tenta mostrar que a razão prática - seja isso na sua forma pura ou na sua forma empírica - é totalmente incapaz de fornecer uma base sólida para a ética. Em ordem a captar a importância desta tese, o artigo propõe um exame detalhado dos aspectos da razão prática que suscitam a crítica de Schopenhauer, entre os quais se inclui necessariamente: 1) a identificação de moralidade e razão; 2) o valor moral das máximas; 3) o imperativo categórico; 4) o carácter prescriptivo da abordagem kantiana; e 5) a sua teologia ética. Muito embora alguns dos argumentos de Schopenhauer estejam baseados numa compreensão deficiente, o autor do artigo defende que a sua interpretação do imperativo categórico enquanto expressão de uma forma racional de egoismo parece convincente.