Abstract
A relação originária entre técnica moderna e ciências da natureza é um tema constante na produção filosófica tardia de Martin Heidegger. Para o filósofo alemão, esses fenômenos não se resumem a meras produções de conhecimento subordinadas à razão e vontade humanas, derivadas de processos históricos transitórios, produtos de erros e acertos de personagens históricas “geniais” amparadas por casualidades fortuitas. Técnica e ciência compõem, na verdade, fenômenos constitutivos que definem a Era Moderna, ditando ao homem contemporâneo o que pensar e como agir, desde um fundamento comum. Nesse sentido, a nossa meditação atenderá à provocação do seguinte problema de pesquisa: em que consiste o fundamento comum desde o qual imperam ciência e técnica, caracterizando essencialmente a Era Moderna e determinando o modo de ser do homem contemporâneo? Atendendo a essa provocação, evidenciaremos que técnica e ciência moderna constituem modos de desencobrir e de explorar o real como fonte de utilidades, cuja essência (Wesen) permaneceu impensada até Heidegger colocá-la em questão.