Abstract
Na passagem da Idade Média para aidade Moderna, o triângulo constituído pelosmotivos conceptuais "homem-natureza-Deus" éum triângulo cuja base, constituída pela relaçãohomem-natureza, tende a assumir, diríamos nósem termos cusanos, uma dimensão infinita nummovimento em que o vértice coincideprogressivamente com essa base transformandotal triângulo numa recta infinita. O lugar detransição que ocupa o pensamento do Cardealalemão é, por isso, paradigmático, encontrado asua expressão plena na forma como transpõe parao Renascimento alguns tópicos recorrentes nopensamento medieval: em primeiro lugar, omotivo do homo, imago Dei, através do qualcomeça por ser pensada a relação do sujeitohumano com o universo, fundamentalmente noâmbito do conhecimento; depois, como segundoponto baseado triângulo, o motivo do livro danatureza, de que o homem se constitui comoprivilegiado intérprete; ligado a estes dois motivose estabelecendo a sua respectiva ligaçãonuma perspectiva estética e criadora, o motivo dooperar humano como imitação da natureza,baseado numa nova leitura do que é a natureza e,também, do que é a arte; em quarto e últimolugar, o motivo do homem como microcosmo,que reassume de urna forma significativa os trêsmotivos anteriores e que, reassumindo-os, éreconfigurado numa perspectiva verdadeiramentedinâmica e criadora.