Abstract
O objetivo central desse artigo é defender uma interpretação cognitivista do desacordo moral, de forma a não compreendê-lo como uma evidência da inexistência de verdades morais objetivas. Iniciamos com a interpretação não-cognitivista desse desacordo, apresentando o argumento da relatividade de Mackie e uma objeção já usual que se faz a ele. Posteriormente, apresentamos nossa interpretação cognitivista que fará uso de quatro argumentos centrais, de forma a considerar o desacordo valorativo: (i) mais sobre crenças não-morais do que sobre valores éticos, (ii) como não coerente com a ideia de progresso moral, (iii) melhor compreendido como uma prova da falsidade do não-cognitivismo e, por fim, (iv) como uma expressão do processo de amadurecimento de nosso pensamento normativo-moral, com destaque para o método do equilíbrio reflexivo.