Abstract
Este artigo apresenta o pensamento mais recente de P. Ricoeur sob a perspectiva de uma lógica da produção de sentido, discutindo criticamente as possibilidades e os limites do círculo hermenêutico. Tomando como ponto de partida os pressupostos fenomenológicos e ontológicos da sua filosofia, são sucessivamente abordadas as questões relativas à interpretação textual, imaginação e criatividade, acção, tempo e narrativa, ideologia e utopia. Reconhecido um certo logocentrismo - uma mistura de Logos e de suposto real - implicado na solução destas questões que nos é proposta pelo autor, procura-se repensar a ligação entre o sentido e o consensus, a coerência e a própria questão da violéncia. Estabelece-se para isso, na última secção, um confronto entre as posições defendidas por Ricoeur e a hipótese de R. Girard sobre o desejo mimético e a violência. /// Cet article présente la pensée la plus récente de P. Ricoeur sous la perspective d'une logique de la production du sens, en discutant de façon critique les possibilités et les limites du cercle herméneutique. On prend comme point de départ les présupposés phénoménologiques et ontologiques de sa philosophie, pour aborder successivement les questions concernant l'interprétation textuelle, l'imagination et la créativité, l'action, le temps et le récit, l'idéologie et l'utopie. Tout en reconnaissant un certain logocentrisme–un mélange de Logos et de réalité supposée–impliqué dans la solution de ces questions qui nous est proposée par l'auteur, on cherche à repenser le lieu entre le sens et le consensus, la cohérence et la question même de la violence. A cet effet, la derniére section établit une confrontation entre les positions défendues par Ricoeur et l'hypothèse de R. Girard sur le désir mimétique et la violence. /// This article presents Paul Ricoeur's most recent thought from the perspective of how sense is produced; in the process, possibilities and limits of the hermeneutical circle are discussed Using as a point of departure the phenomenological and ontological presuppositions of his philosophy, questions concerning interpretation of texts, imagination, criativity, action, time, narrative, ideology and Utopia are dealt with. After calling attention to a certain logocentrism, i. e a mixture of Logos and a supposed reality, in the resolution of these questions, an attempt is made to rethink the relationship between sense and consensus in addition to the question of violence. In the final part, a confrontation between the positions defended by Ricoeur and the hypothesis of René Girard concerning mimetic desire and violence is established.