Abstract
Em seu tratado sobre a hipóstase cognitiva (V.3), Plotino tem por objeto de investigação a fundamentação do autoconhecimento do Intelecto (Nous) como garantia da empresa ontoepistemológica. No capítulo inaugural, ele retoma uma discussão proposta por Sexto Empírico segundo a qual o autoconhecimento não seria possível se este ocorrer por uma parte que conhece outra. Assim, a natureza daquele que conhece deve ser a mesma daquele que é conhecido para que se viabilize o autopensamento. A mesmidade de ser e pensar – expressa nesse pressuposto – é um legado de Parmênides a Plotino, o que é amplamente reconhecido. A elaboração homológica que vincula o Intelecto aos Inteligíveis parece ser o caminho perseguido por Plotino para lidar com a problemática do autoconhecimento. Não se costuma enfatizar, entretanto, o possível diálogo dessa articulação homológica de Plotino com Empédocles. Segundo Oosthout (1995), Gollnick (2005) e outros estudos, ela pode estar associada à concepção de Empédocles concernente à percepção (DK 31. fr. B109). O intento desse trabalho é argumentar em favor da relevância da homologia no contexto noético de Plotino e apontar uma linha de raciocínio segundo a qual Empédocles teria exercido influência no que se refere ao desenvolvimento do supracitado recurso.