Abstract
O papel do intelectual ocupa lugar importante no pensamento de Foucault assumindo ao longo do seu percurso um relevo ético-político. Inicialmente Foucault entende que o aparecimento da figura do intelectual específico marca uma nova relação entre teoria e prática, tal transformação decorre de novas configurações de poder que ao modificar todo tecido social politiza o papel do intelectual a partir de sua ocupação específica, condições de vida e trabalho. Posteriormente, com a exigência de pensar uma ontologia da atualidade, Foucault passa inscrever o intelectual como elemento e ator no presente, mostrando, por meio, da analítica do poder como este atua no funcionamento do dispositivo geral de verdade em nossa sociedade. Segundo Foucault a inscrição do intelectual no regime de verdade exige uma reelaboração do seu papel, pois, o dispositivo de produção do verdadeiro procura submeter sua subjetividade fixando-o uma identidade única e imutável. Nesse sentido, para Foucault, o intelectual pode fazer uso de uma atitude crítica diante do quadro de governamentalização do Estado. A crítica não libera o intelectual do poder, mas, abre um campo de possibilidades de resistências. Para Foucault as lutas contemporâneas são batalhas pelo governo da subjetividade. A partir desse diagnóstico interpela-se senão seria o intelectual uma das figuras na qual se apoiou o sujeito da ação pedagógica e o educador nas últimas décadas. Desta maneira, fazer uso de uma atitude crítica permite o educador resistir à constituição dos estados de dominação, essa atitude diz respeito a relações de governo consigo mesmo e com os outros ligando a um só tempo o poder, a verdade e o sujeito.