Abstract
Um dos pontos mais polêmicos da teoria estética de Kant, tratada na primeira parte da Crítica da Faculdade do Juízo, é a questão da validade universal do juízo de gosto. Não sendo um juízo determinante, nem de conhecimento, nem de caráter moral, mas reflexionante, ele exige uma justificação própria. A figura crucial da argumentação que Kant usa para provar que o juízo de gosto estético pode reivindicar, com direito, o assentimento de todos é a de uma “universalidade subjetiva”. Pretendo mostrar, contrariamente à maioria dos intérpretes da doutrina estética kantiana, que das três vias de fundamentação desta universalidade que Kant apresenta – uma baseada no momento da falta de interesse, outra na relação do juízo de gosto com a faculdade de conhecimento e a terceira, na sua ligação com a razão prática – é só a terceira via, esboçada nos últimos parágrafos da Crítica da Faculdade de Juízo Estética, com base na qual a universalidade reclamada do juízo de gosto pode ser defendida de forma conveniente