Abstract
O debate sobre a convivência com o semiárido tem como um dos seus principais pressupostos a sustentabilidade, fundamentada em práticas e alternativas de desenvolvimento harmonioso e integrado das esferas econômica, política e social e no protagonismo dos habitantes do Semiárido. Este debate tem sido referenciado como essencial para a elaboração de relações de poder-saber que, deslocando-se do tradicional discurso da dependência, gestem novas possibilidades para este “território”, ancoradas na reflexão de questões como: respeito à diversidade, solidariedade, coletividade, articulação em redes, autogestão etc. Este artigo tece algumas considerações sobre as articulações que temos estabelecido entre as atividades de pesquisa e extensão que desenvolvemos nos últimos anos e os fundamentos teórico-metodológico da análise de discurso, na perspectiva de Michel Foucault. Tais atividades buscam apreender a elaboração de visibilidades e dizibilidades das relações de poder/saber das políticas públicas de educação, da educação do campo, do protagonismo de jovens assentados, de mulheres apenadas etc. Interessa-nos problematizar como a elaboração da ideia de convivência com o semiárido institui posições de sujeitos, regimes de verdade e/ou positividade de discursos/saberes, na perspectiva da diversidade e das múltiplas subjetividades. Para tanto, emerge como relevante aprofundar o debate sobre as formas como, nas relações de poder-saber exercitadas e positivadas acerca desse “território”, tais questões são enunciadas e se interpõem na instituição da ideia de convivência com o semiárido. Neste sentido, pensamos o Semiárido por meio da utilização e apropriação gestadas por discursos e exercitadas nas relações de poder, através de estratégias e correlações de forças, positivadas nas relações políticas e socioculturais.