Abstract
O estudo filosófico da ética sobre as interações entre os seres humanos e as tecnologias que empregam a Inteligência Artificial se tornou um tópico popular e importante como nunca antes. O estudo dos problemas que concernem essas interações justifica-se por conta das transformações tecnológicas pelas quais as sociedades humanas têm passado, e que ainda podem acarretar profundas mudanças legais, políticas e sociais. O artigo tem como objetivo principal identificar o papel da ética, enquanto disciplina filosófica, com relação ao recente e promissor domínio de investigação sobre a ética da Inteligência Artificial. Após apresentar a posição do filósofo Peter Railton na ética aplicada à Inteligência Artificial, o artigo reconstitui as suas explicações na ética normativa e na metaética. Ao ilustrar as conexões entre a ética aplicada à Inteligência Artificial e a teoria moral, o artigo argumenta que o papel da ética na ética da Inteligência Artificial pode ser explicitado com o auxílio da engenharia conceitual. Essa abordagem mostra que conceitos como ‘agente’ e ‘interesse’, que são cruciais para a ética, como pode ser visto nas explicações de Railton, não devem ser pensados exclusivamente pela ética, ou mesmo somente pela filosofia, mas necessitam ser informados pelas ciências naturais e humanas. O artigo enfatiza a necessidade de realizar a tarefa filosófica de pensar a ética para além da ética, em um contexto interdisciplinar capaz de lidar com os complexos problemas práticos que impactam as sociedades humanas.