Abstract
Esse artigo propõe uma análise comparativa de duas narrativas, o filme As Boas Maneiras e o romance Suíte Tóquio, a partir da figuração das personagens principais em cada obra, que se relacionam enquanto patroa e babá. Entendendo cada uma dessas pedagogias culturais como tecnologias de gênero, que abordam a ética do cuidado como demarcada por sexo-gênero, o intuito é investigar que elementos das ficcionalidades próprias de cada obra transbordam para a experiência como indicadores interseccionais em torno do ato de cuidar. Abordando as contradições entre afeto e abjeção inerentes à alocação do trabalho do cuidar associado às mulheres, interessa perceber os efeitos de um engendramento da referida ética, e, sobretudo, os processos de estratificação entre mulheres quando consideramos um contexto de desigualdades demarcadas por raça e classe.