Abstract
Integrar o estudo de um jornal como o Índia Nova: jornal de expansão da cultura indiana numa publicação dedicada a estudos sobre revistas justifica-se por estarmos perante um projecto cultural, com inevitáveis ressonâncias políticas. Órgão dos estudantes goeses nas Universidades portuguesas, a sua criação deveu-se à iniciativa de um grupo de jovens intelectuais goeses, criados sob os auspícios da República, que, sob o signo da ruptura, vinham chamar a si a responsabilidade de intervenção na cidade. A publicação, se buscava atingir o público europeu metropolitano, sensibilizando-o para a magnitude da civilização indiana, visava essencialmente os goeses na Metrópole e em Goa, assumindo o objectivo de recuperar uma identidade goesa formatada na tradição civilizacional indiana e de promover uma actividade cultural e científica centrada em temas e referências indianos. Através desta proposta, associava-se ao movimento político-cultural nacionalista que atingia a “Grande Índia” e, mais globalmente, aos diversos nacionalismos que despontavam por todo o continente asiático nas primeiras décadas do século XX. Finalmente, o grupo de estudantes goeses e os seus colaboradores goeses e metropolitanos, efectuando o percurso da particularidade goesa para a reflexão sobre os destinos da humanidade, integravam, por essa via, a corrente que a Ocidente e Oriente se batia por um novo humanismo, assentando a universalidade na harmonização da diversidade e tornando todos os indivíduos e povos coniventes na construção do futuro da humanidade.