Abstract
O intuito deste artigo é promover um debate em torno da obra República, de Platão, visando situar e estabelecer: 1) os argumentos do autor a favor de um modelo de pólis ideal; 2) as características do fazer político do Arconte enquanto comportamento dominante e eficaz dentre os líderes de governo da pólis, insurgindo contra o desejo de posse indevida (pleonexia) por parte dos homens que, se portadores do anel de Giges fossem, invisíveis, acreditariam, daqueles que estão ao seu redor, poder reverter a seu favor qualquer tipo de liderança, sobretudo a soberana, passando então a encarnar, para Platão, a metáfora do homem injusto neste escrito; 3) elaboraremos, por fim, a definição de justiça, bem como a consciência individual in totum dos cidadãos que compõem a pólis e agem em prol do bem comum e funcionamento pleno da cidade, discernindo-os segundo a diferença de habilidade e posição hierárquica em relação a seus demais, produzindo o que podemos chamar de estrutura tripartite social e política, tanto da pólis quanto da alma, ambas, em plena harmonia, na teoria platônica.