Abstract
Buscamos, com o presente artigo, investigar o impacto da práxis de um Projeto de Extensão Universitária, que consiste em oficinas de música para crianças e adolescentes com o que designamos autismo ou outras neurodivergências, sobre a formação discente, levando em consideração as dimensões clínica e ético-política da ação extensionista. Dividimos a metodologia em duas partes: a primeira corresponde à revisão bibliográfica tipo narrativa, por meio da qual abordamos textos da fenomenologia da vida e das éticas da alteridade, comunitária e da libertação; a segunda parte diz respeito aos relatos de experiência feitos pelas/os discentes participantes do Projeto e coautoras/es do presente artigo. Os/as discentes responderam a questões relacionadas a dois eixos temáticos construídos a priori: o impacto da Oficina de Música sobre sua formação e a percepção sobre as dimensões clínica e ética do Projeto. Avaliamos as narrativas por meio da análise de conteúdo, a partir da qual construímos as seguintes categorias de análise: impacto transformador da práxis da Oficina; e modelo biomédico e pensamento crítico, referentes ao eixo 1; arte, acolhimento e potencial terapêutico; pessoas que não cabem em um diagnóstico; e uma clínica ético-política, referentes ao eixo 2. Concluímos que a ação extensionista tem tido um impacto positivo sobre a formação discente, contribuindo para uma clínica estética, ética e política não normalizadora, que possibilita a liberação das forças da vida, a afirmação da vida em sua multiplicidade, sobretudo daquelas pessoas que tiveram e continuam tendo suas vidas negadas e invisibilizadas pelo sistema de produção (econômico e discursivo) dominante.