Abstract
O artigo propõe-se a apresentar e discutir o niilismo ínsito na filosofia de Schopenhauer. Defende-se uma necessária distinção entre dois tipos de niilismo, um que visa a afirmar verdades axiologicamente neutras sobre o mundo e a existência, outro que se compromete com uma tese valorativa que considera a negação da vontade o maior objetivo moral. O pessimismo metafísico, cuja tese básica consiste em arguir que a não existência é preferível à existência, incorpora os dois tipos de niilismo mencionados. O pessimismo schopenhaueriano tanto defende que toda vida é sofrimento quanto um caminho exclusivo para a redenção, a negação da vontade. Associados ao niilismo e ao pessimismo estão os temas do valor (na verdade, desvalor) da vida e da reprovação do suicídio. A hipótese do artigo é que há deficiências consideráveis na filosofia schopenhaueriana em torno desses tópicos, especialmente a transição entre as teses descritivas e as teses valorativas que compreendem os dois momentos de seu niilismo.