Abstract
O presente artigo aborda a relação da atual sociedade com a tecnologia que se dá em uma esfera de enorme escala; primeiro isso se demonstra como uma enxurrada de informação; segundamente essa informação possibilitada pela tecnologia atinge níveis de percepção da psique do indivíduo que a utiliza pois, por meio do ato de transparência, o sujeito torna público e externo seu conteúdo interno e subjetivo. A enxurrada de informação acontece porque a comunicação se dá, em primeiro lugar, como o meio pelo qual nos comunicamos. Posteriormente, a comunicação tecnológica acontece em tal ordem de transparência que a reunião dessas informações “tornam possíveis prognósticos sobre o comportamento humano. Dessa maneira, o futuro se torna previsível e controlável” (HAN, 2018, p. 23). Tal transparência surge, porque segundo Byung-Chul Han, a sociedade que era disciplinar, negativa e controladora deu espaço para uma sociedade positiva, transparente e desempenhada. De um lado, a sociedade negativa limita a liberdade e, portanto, coloca limite no desempenho que um sujeito conseguiria desenvolver, por outro lado, uma sociedade positiva dá espaço para uma liberdade individual que não traça limites para aquilo que o sujeito pode fazer. Essa falta de limites se personifica na forma de uma aparente transparência que quando adotada por dado indivíduo, se demonstra como a externação do conteúdo subjetivo e interior. Essa externação só é possível na relação do indivíduo com a tecnologia pois, através dela ele comunica suas informações. Essas informações geram um conhecimento “de dominação que permite intervir na psique e que pode influenciá-la em um nível pré-reflexivo” (HAN, 2018, p. 23).